ATA DA SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 12-12-2000.

 


Aos doze dias do mês de dezembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega da Comenda Pedro Weingärtner ao Artista Plástico Carlos Tenius, nos termos do Projeto de Resolução nº 039/00 (Processo nº 1836/00), de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo. Compuseram a MESA: o Vereador João Carlos Nedel, presidindo os trabalhos; a Senhora Eleonora Fabre, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre e da Secretaria Municipal da Cultura; o Senhor Antônio Cheuíche, Bispo Auxiliar de Porto Alegre; o Senhor Carlos Tenius, Homenageado; a Senhora Mônica Zielinsky, esposa do Homenageado; o Vereador Cláudio Sebenelo, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome das Bancadas do PSDB, PMDB, PT, PTB, PDT, PSB e PPS, recordou a biografia de Pedro Weingärtner, justificando a importância da Comenda oferecida ao Artista Plástico Carlos Tenius e referindo-se ao Homenageado como uma personalidade de visão privilegiada, pelo trabalho que realiza no campo das Artes. Nesse sentido, exaltou, particularmente, a escultura Monumento dos Açorianos como uma obra internacionalmente conhecida e um cartão-postal de Porto Alegre. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, corroborando o discurso feito pelo Vereador Cláudio Sebenelo, destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Senhor Carlos Tenius, unanimemente aprovada, e manifestou sua admiração pelo talento e sensibilidade artísticas do Homenageado. Também, refletiu acerca da necessidade de que o patrimônio artístico da Cidade seja respeitado e preservado. Na ocasião, o Vereador João Carlos Nedel, presidindo os trabalhos, registrou o recebimento de correspondência alusiva à presente solenidade, enviada pelo Deputado Estadual Adilson Troca, convidou o Vereador Cláudio Sebenelo a assumir a direção dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, destacou a justeza da concessão da Comenda Pedro Weingärtner ao Senhor Carlos Tenius, cumprimentando o Vereador Cláudio Sebenelo pela iniciativa da presente solenidade e, referindo-se à qualidade e importância do trabalho realizado pelo Homenageado, afirmou que "a arte e a cultura falam necessariamente ao espírito e visam ao aperfeiçoamento do homem e da vida". Após, o Vereador João Carlos Nedel assumiu a direção dos trabalhos e convidou o Vereador Cláudio Sebenelo a proceder à entrega da Comenda Pedro Weingärtner ao Senhor Carlos Tenius, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu a Comenda recebida. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quatorze minutos, convidando os presentes para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Carlos Nedel e Cláudio Sebenelo e secretariados pelo Vereador Cláudio Sebenelo, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Cláudio Sebenelo, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega da Comenda Pedro Weingärtner ao Artista Plástico, Sr. Carlos Tenius, nos termos do Projeto de Resolução nº 039/00, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo.

Convidamos para compor a Mesa, o Sr. Carlos Tenius, nosso homenageado, a Sr.ª Eleonora Fabre, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre e da Secretaria Municipal da Cultura; a Sr.ª Mônica Zielinsky, esposa do homenageado, e o Dom Antônio Cheuíche, Bispo Auxiliar de Porto Alegre, representando a Arquidiocese de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará como proponente e pelas Bancadas do PSDB, PMDB, PT, PTB, PDT, PSB e PPS.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O Prêmio, a Comenda Pedro Weingärtner é, indiscutivelmente, foi instituída como uma homenagem a um grande artista das nossas artes plásticas, que nasceu no Rio Grande do Sul e perambulou pelo mundo. De Porto Alegre foi para a Europa, fez aprendizado e, aos 15 anos, já pintava com maestria. Depois de muitas exposições em todo o Brasil, por toda a Europa e de muitas viagens, faleceu no ano de 1926, em Porto Alegre, aos quase 80 anos.

Pedro Weingärtner, hoje, é conhecido pela sua obra magnífica, essa obra pictórica, que nos orgulha como gaúchos e que tem um valor inestimável que não pode ser avaliado de forma monetária, pela grandeza da arte, pelo belo e pela paixão que ele tinha pelo Rio Grande e suas paisagens.

Prezadíssimo Carlos Tenius, esse prêmio tem tudo a ver com as artes plásticas, e se há algo que temos de nos orgulhar, em Porto Alegre, é dos nossos artistas plásticos. Eu escrevi alguma coisa como Cidadão de Porto Alegre. (Lê.)

“Prezado Carlos Tenius, um artista, se não for historiador, não é um artista. Os artistas buscaram no urbanismo da Grécia Antiga dois locus da pólis, dois conceitos antagônicos, mas fundamentais na evolução de diversas ciências, seja na arquitetura, seja na psiquiatria, que são a Ágora e o Claustro.

O claustro é o fechado; a ágora, é a praça, é o espaço, é o ar que respiramos, é o vento progressista, mobilizador, dinâmico e por vezes anarquista, tem a distância e a proximidade dos corpos. Nossos sentidos são estimulados, seja na visão do horizonte sem limites, seja nos ouvidos mais musicais; atentos e educados pelo lar natural, percebemos os sons musicais do vento no pano estufando a caravela, dos remos na água, como se nós já conhecêssemos, à época, das modalidades, das tonalidades e dos desenvolvimentos musicais das composições de Tom Jobim ou de Vangellis, descoberta e construção.

 É o espaço e a sua capacidade de acolher a história. Uma saga inteira de açorianos ancestrais, saídos da estrada atlântica para uma lagoa, lago, estuário, delta.

A ágora é o espaço, a ágora é a democracia, é o povo na praça, porque “a praça é do povo como o céu é do condor”. E o povo estabelece de imediato uma interação com a obra de arte. A praça é uma interação com o artista.

 Lá, a arte está permanentemente à disposição do povo, em uma intimidade mútua o artista tem o dom desta integração. Tem o dom de criar uma obra tão grande que não caiba na estreites ditatorial de um museu. Tem o dom de mexer com o nosso abstrato. Com a nossa idéia. Às vezes o concreto não existe, mas a idéia permanece. Como a escola de Sagres que nunca existiu, mas a sua idéia foi libertária, foi descoberta num nomadismo, insanidade. Esta relação de afeto entre o povo e a arte, não se sabe de onde vem. Mas, se dá na ágora e a sentimos lá dentro, bem no fundo.

Já o claustro é um museu, também possui arte e história. Mas é antigo, fechado, é dispnêico, é conservador. A única saída mais recente são os sites da Internet, mas a sua entrada é paga, suas peças redomadas, intocáveis, inaudíveis, é visto à distância. Serve para reconhecer o nosso saber, para seqüenciar o conhecimento humano, visto aos poucos, mas por poucos. É a limitação deste grande espaço.

 Naquela ágora, da Avenida Perimetral Loureiro da Silva, desde 1974, está o Monumento aos Açorianos. Exposto, na rua, à nossa disposição, sem redomas, gratuitamente porque a arte não tem preço.

Imenso, pesado, alegre, enferrujado, ferro da energia, feito de pessoas que moldam a silhueta de um barco, e uma delas, acho que feminina, faz o papel de quilha, para frente, para cima, progressiva, descoberta, futuro, mas principalmente, audácia.

É por isto, Tenius, que hoje estás aqui. É pelo milagre de condensar nesta praça, toda uma história de dois continentes e seus povos. É por subentenderes um heroísmo e a chegada dos quarenta casais com suas crenças e ilusões.

A maior alegria da criação é essa relação afetiva entre o artista, através dessa imagem criada, e os admiradores. Ator e platéia. É permitido parar, parar para pensar, criar a partir da criação. Imaginar, viajar, entrar pelo túnel do tempo, sonhar com galáxias tempestuosas, como eles, que sonharam ultrapassar os mares encapelados. E a maravilha do desconhecido, da descoberta, do sonho de chegar. A felicidade da chegada e da instalação.

E começa tudo de novo, a criação de uma cidade, os sonhos, tudo num ciclo interminável.

Todos os dias, quando passo pela origem de nossa Cidade, paro o carro e deixo meu pensamento flutuar solto, pelos imensos espaços desta mágica ágora e dou vazão a uma criatividade que não é minha. Ela foi despertada pela forma, pela genialidade da fotografia de uma epopéia, pelas milhares de imagens que perpassaram nessa admiração permanente, pelo rosto encantado de cada um desse ilhéus aventureiros, a cada metro de mata Atlântica, a cada encontro com os nativos.

Se acham que isso não é nada, que não tem nada a ver com Porto Alegre, paciência. Mas, hoje, a todo o forasteiro que chega mostro o monumento como uma forma de mostrar minha Cidade, como forma de ensinar, a esse forasteiro, a sua história, como forma de mostrar a arte da nossa gente. Sua obra Tenius, não pertence mais a uma pessoa, pertence a uma cidade, passou a ser o nosso distintivo. E o Monumento dos Açorianos é tão característico da nossa Cidade como o nosso por do sol, como o Gaúcho, no início da Avenida Farrapos, como se já de há muito lá estivesse - o Monumento aos Açorianos - ou que ele fosse esculpido pela natureza.

Por isso, estás aqui para receber este prêmio raro, cujo patrono, Pedro Weingärtner, grande artista plástico de Porto Alegre, se estivesse vivo, certamente, teria a mesma iniciativa, pois o povo de Porto Alegre desfruta, diariamente, da visão de uma obra internacionalmente reconhecida, premiada, exposta para nos extasiar e que possui, no homem comum de suas ruas, o talento e a criação privilegiada do autor de uma obra tão rica mas que, só uma delas nos basta para nos enfarar de felicidade, por ser nosso cartão-postal, como embrião de nossa história, como gênesis, como nosso DNA, aquela montanha de ferro, enferrujado, origem, dureza de músculos e de propósitos com que aqueles quarenta casais aqui chegaram.

Está tudo ali, naquela obra de arte, naquele monumento, o monumento de uma Cidade, que é o nosso orgulho. Há um pouquinho de cada um de nós naquele monumento. Todos nós estamos ali. Muito obrigado.” (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, pela Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda componentes da Mesa e demais presentes.) “Dai ao seu o que de cujo é”. O valor, segundo Armando Câmara, é a relação de conformidade de dinamismo do ser com os seus fins. O valor da obra de Carlos Tenius é extremamente vinculado à realização de um objetivo, que só ele mesmo pode explicar, eis que nasce dentro de si com aquela sensibilidade que caracteriza o artista e que o torna símbolo de determinadas circunstâncias.

É natural que, nesta solenidade, especialmente no término de um período legislativo que, coincidentemente, marca o fim de uma Legislatura, que ocorram com algumas preocupações, mas, de certa maneira, com oportunidades que oferecem algumas reflexões. Eu entendo que o Legislativo de Porto Alegre deve oferecer, com muita brevidade, a oportunidade de se transformar alguns costumes e algumas normas regimentais, que esta Casa tradicionalmente celebra e respeita; entre elas aquela que determinaria que, nesta ocasião, a homenagem se cingisse a um único pronunciamento, até porque o exemplo de hoje nos evidencia que um tribuno da qualidade do Ver. Cláudio Sebenelo, que já se manifestou numa verdadeira peça literária, dispensaria a adição de qualquer outro comentário.

Não é esta a tradição da Casa, não é esta a possibilidade regimental. E quero, meu caro homenageado, fazer uma confissão pública, de que a minha presença na tribuna se dá por uma dupla razão. A primeira - é natural - pelo orgulho que sinto em me manifestar numa homenagem em que há este ajustamento de valor entre a homenagem e o homenageado, eis que sua obra, especialmente para quem legisla em Porto Alegre, não pode, de forma nenhuma, ser desconsiderada, pelo contrário, deve ser realçada, deve ser evidenciada. Tão forte, quanto esta razão que me traz à tribuna nesta tarde, é o desejo de realçar a figura do proponente, que fez esta simbiose magnífica, transformando a homenagem em mais ampla, mais significativa e, muito mais profunda.

 É que acredito que, por uma destas obras do destino, por algum período vou ficar obstado de ver nesta tribuna a cultura do Ver. Cláudio Sebenelo, que culmina uma passagem brilhante por esta Casa com um projeto desta magnitude. Isto não me permitiria ficar ausente desta solenidade, e eis-me aqui a secundar o belíssimo pronunciamento já proferido, nas limitações de quem não pode, de modo nenhum, tentar, sequer se assemelhar ao significado e, sobretudo, à excelência do retrato, da fotografia muito bem revelada pelo proponente desta homenagem que, já na peça que introduzia a Exposição de Motivos, demonstrava que não fazia um projeto de lei com o subalterno propósito de incluir mais uma lei na sua vasta plêiade de proposições, mas que buscava - e isso eu gostaria de ressaltar - no que aparentemente é o seu derradeiro momento legislativo nesta Casa, fazê-lo com o brilho, com a eloqüência e, sobretudo, com a grandiosidade que o fez.

Ao propor a concessão, unanimemente deferida por este Legislativo, a criatura vinculou-se ao criador. O Ver. Cláudio Sebenelo, que demonstra possuir não só extrema admiração pela obra do homenageado, mas grande conhecimento sobre a mesma, sublima-se também porque consegue, em pinceladas escritas e em palavras articuladas, fazer na oratória aquela beleza que o senhor faz na escultura.

Por isso eu ousei comparecer a esta tribuna, para somar-me ao Ver. Cláudio Sebenelo e cumprimentá-lo pela iniciativa, e para dizer ao nosso homenageado que, se eu não tivesse nenhuma razão para admirar a sua obra, eu teria um sentimento de autodefesa e de protesto: eu sou vizinho do Largo dos Açorianos, e a cada semana, a cada mês, sinto na carne o que aquele monumento sofre, agredido por tresloucados que, a título de esbravejar e de denunciar uma falsa liberdade, agridem esse monumento de arte que Porto Alegre tão bem reconhece.

Eu, que sou o único liberal desta Casa, fico muito triste, quando vejo o mau uso da liberdade que, num caso como esse, constitui-se numa ignomínia com a qual Porto Alegre não podia se lançar.

Falou alto o Ver. Cláudio Sebenelo, falou alto esta Câmara Municipal, num momento em que, de forma unânime e solene, decidiu fazer o mais sábio dos protestos, ressaltando o seu trabalho e consagrando a homenagem que nós agora tributamos com a concessão do Prêmio de Artes Plásticas Pedro Weingärtner.

Esse admirável pintor alemão, radicado em Porto Alegre, fez-se merecedor da denominação desse meio e desse instrumento pelo qual Porto Alegre destaca aqueles que se fazem merecedores da nossa homenagem.

Quero lhe agradecer por ter possibilitando que a minha geração pudesse ver resguardada, para o todo sempre, a memória daqueles que um dia criaram esta Porto Alegre, que queremos mais alegre, mais bela, mais feliz, respeitando seus monumentos e consagrando os seus valores. Um deles espero que, de alguma forma, estejamos a fazer nesta tarde, consagrando o seu valor de artista, de grande sensibilidade que nos faz querer mais a nossa querida Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Informamos o recebimento de correspondência alusiva à solenidade, enviada pelo Dep. Estadual Adilson Troca.

Solicito ao Ver. Cláudio Sebenelo que assuma a presidência dos trabalhos, pois pretendo-me manifestar.

 

O SR. PRESIDENTE (Cláudio Sebenelo): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, pelo PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) (Lê.)

“Dentre os valores sociais mais proeminentes, com certeza a cultura merece um lugar ainda mais relevante, pelo seu sentido elevador e dignificante do espírito humano, extensão e continuidade da vontade de Deus.

E é exatamente graças ao bom Deus que esta nossa Casa, em não raras oportunidades, vem sendo palco de atos que a elevam e dignificam, na medida em que reafirmam seu compromisso com os valores primeiros da sociedade, como é o caso desta oportunidade em que entregaremos a Comenda Pedro Weingärtner ao artista plástico Carlos Tenius, por magistral indicação do Ver. Cláudio Sebenelo, cuja real cultura tanto aprecio.

Lamentavelmente, o Governo Municipal não tem tido postura semelhante e, ao contrário, tem sido useiro e vezeiro no apoio a manifestações pseudoculturais, com dinheiro público, manifestações essas que, longe de promoverem o crescimento das pessoas como seres inteligentes e vocacionados à felicidade, somente encaminham à distorção dos sentidos e à satisfação da instintualidade. E o pior é que o faz em nome da Cultura e da Arte.

Infelizmente, o problema não é apenas local, pois existe um quase movimento social no sentido de vulgarizá-las.

Arte e cultura falam necessariamente ao espírito e visam ao aperfeiçoamento do homem e da vida, além do seu próprio físico, no plano intelectual e, especialmente, no espiritual. Pois o grande objetivo do ser humano é ser feliz. E ele jamais poderá ser feliz satisfazendo apenas os instintos ou mais os instintos do que o espírito. Mas esta é, como disse de início, uma ocasião para se homenagear a arte e um artista contemporâneo dos mais importantes entre seus pares.

Carlos Tenius é desses raros homens predestinados à expressão artística e capazes de, a partir de um vácuo teórico, conceber uma imagem; do nada, gerar algo vivente; do caos, extrair a ordem e, tudo sintetizando, chegar a uma relação de partes harmônicas que, numa linguagem de símbolos, imagens e representações, serve como meio de comunicação com as outras pessoas, em termos mais preceptivos do que conceptuais.

Porto Alegre lhe deve, com especial ênfase, a criação do Monumento Açorianos, obra que encanta a todos que com ela tomam contato, exposta em galeria aberta e natural, impressionante e bela, iluminada e quente à luz ofuscante do sol estival ou permeada de sombras ao pálido luar das noites de plenilúnio. Mesmo aos desavisados ou aos descrentes da arte aquela obra portentosa sensibiliza de modo derradeiro, de tal sorte que não mais a esquecem e a fazem símbolo não-oficial da Cidade.

Carlos Tenius é um artista nosso. Um artista que merece, como poucos, a Comenda Pedro Weingärtner, que será honrada por tê-lo como portador.

Por isso, em nome do Partido Progressista Brasileiro, o PPB, cuja Bancada, nesta Casa, tenho a honra de integrar, juntamente com os dignos Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, cumprimento Carlos Tenius pela justa homenagem que agora recebe e que teve e tem o nosso integral apoio e aprovação, em nome da parcela da população que representamos e em nome da totalidade da população que esta Casa representa. Parabéns, Carlos Tenius.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Convido o Ver. Cláudio Sebenelo a proceder à entrega da Comenda Pedro Weingärtner ao nosso Homenageado Carlos Tenius.

 

(Procede-se à entrega da Comenda.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Sr. Carlos Tenius está com a palavra.

 

O SR. CARLOS TENIUS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o dom da oratória não é o meu forte; eu tenho o dom da forma, que é outra coisa. Eu tenho apenas uma única palavra: muito obrigado a todos.

Dedico esta bela peça a minha musa Mônica. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos a Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Agradecemos a presença de todo e damos por encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h14min.)

 

* * * * *